Tive hoje em Lisboa uma experiência fantástica — apreciando o delicioso vinho de Talha produzido no Alentejo. O vinho de talha segue a tradição de vinhos guardados em talhas através da técnica iniciada pelos fenícios e difundida pelos romanos. A talha, nos tempos antigos, servia para a armazenagem em geral. Nela se guardavam carnes, cereais, óleo e, em nosso caso especial, também o vinho. Ela se diferencia da ânfora que era mais utilizada para o transporte e à estocagem do vinho por períodos bem longos, dado ao fato de suas bocas serem mais estreitas possibilitando um lacre hermético. Desta forma, algumas ânforas chegavam a conservar vinhos por décadas.
O vinho na antiguidade era primordialmente branco ou rosé. Eram secos, porém apreciava-se muito o sabor doce. Desta forma, adicionava-se ao vinho outras substâncias tais como o mel. Além disso, normalmente, ao vinho se adicionava água. Muitas das vezes, se bebia algo mais próximo ao vinagre do que ao vinho. E desta forma, se adicionava a água para dilui-lo.
Mas enfim — vamos ao ponto central. A palestra e a degustação foi conduzida pelo professor e enólogo Virgílio Loureiro [o qual esteja já no Brasil, trabalhando com a Miolo no Castas Portuguesas, bem como no projeto da Rio Sol]
Primeiramente tomamos o chamado "vinho petroleiro". A experiência foi um quê de história e deleite. O vinho é levemente frutado. E tudo nele é "leve", "suave" e cristalino. Há um quê de torrado lembrando um mel diluído. Se fosse definir, caminhando por ares um tanto idílicos, eu diria que se trata de um néctar. Não se percebe o álcool com muita facilidade a impressão é a de que estamos tomando um vinho diluído em água. Mas se trata de uma falsa impressão. Ele vai ficando cada vez melhor e após uns 40 minutos, estava de um prazer inigualável.
Nunca tinha bebido algo semelhante. E a impressão foi realmente das melhores. Bebi, tomadas as devidas proporções, como um grego ou romano assim o faziam. A experiência a ser permanentemente lembrada. Publico logo abaixo algumas fotos do vinho e do evento.

Esta era a mesa onde eu estava. Reparem em como é cristalino e belo este vinho de talha.

Professor Virgílio Loureiro falando sobre a tradição milenar da produção e armazenagem do vinho de talha.

Degustação do vinho tinto. Ao fundo vemos o grupo folclórico do Alentejo, o qual nos alegrou e muito, cantando músicas típicas da região. Uma maravilha!

Por fim, a famosa talha de onde vieram as preciosidades do dia! Esta aí é das pequenas!